Troca de Ideias sobre Plano de Carreira: SEPROSC facilita diálogo entre RHs
Confira os principais insights da troca de experiências entre RHs sobre planos de carreira!
Por Carlos José Pereira, empresário e diretor do Sindicato das Empresas de TI do Estado de Santa Catarina (Seprosc), responsável pelo Programa Jovem Programador
O computador não é um Deus que sabe tudo, mas um ídolo manejado por hábeis sacerdotes.
Em dezembro de 1979, ao fazer um curso de gerência de projetos, voltado para a área de computação, ouvi duas frases proferidas por um dos professores: “O computador não é um deus que sabe tudo, mas um ídolo manejado por hábeis sacerdotes.” e “O computador é um burro rápido comandado por burros vagarosos”.
Não posso afirmar que as frases sejam dele ou se na época citou a fonte e não anotei; memorizei as frases e passei a utilizá-las com frequência, principalmente nos cursos de programação de computadores que eu ministrava; a primeira inflava o aluno e a segunda o colocava no devido lugar.
"Lógica me assusta”, disse uma jovem que gostaria de aprender a programar e desistiu antes mesmo de tentar.
O empreendimento Jovem Programador (www.jovemprogramador.com.br), iniciativa do SEPROSC em parceria com o SENAC, disponibiliza gratuitamente um curso com excelente conteúdo programático, bons professores e laboratórios, que prepara jovens, sem quaisquer experiências prévias na arte de programar computadores, para ingressarem em carreira tão promissora e “prazerosa” (1).
O conteúdo programático foi aprovado pelos empresários do setor de tecnologia, e as empresas que já contrataram jovens egressos desse empreendimento afirmam que os jovens chegam nas organizações com os conhecimentos necessários para iniciarem seus estágios e logo se transformarem em bons profissionais.
Todos utilizam lógica no dia a dia e ninguém pensa sobre isso. Algumas pessoas, assim como em outros aspectos humanos, são melhores que outras na aplicação da lógica, mas nada impede que todos vivam e se virem nesse mundo.
Ninguém acha lógico entrar num restaurante e encontrar no cardápio “Martelos assados” ou “Martelos cozidos” para o almoço. É lógico que martelo não se come. Se poderia falar muito de lógica e estressar seus diversos aspectos ou tipos. Não é o propósito aqui.
Programadores, sistemas psíquicos, emprestam para os computadores suas capacidades lógicas, aprendidas. Os computadores utilizam essa capacidade lógica dos humanos como se fossem deles. Esse processo de empréstimo dessa complexidade psíquica para os computadores se dá via programas, via os algoritmos que os programadores escrevem, em uma linguagem desenvolvida para ser uma ligação entre os humanos e os computadores.
Aprender essa linguagem, que permite que humanos digam o que computadores têm de fazer, tem similaridades com o aprendizado de um idioma; embora seja muito mais simples aprender a programar um computador que aprender um idioma como o alemão, o russo ou o inglês. Nas linguagens computacionais não se tem futuro, passado, ambiguidades, figuras de linguagem, cultura. Elas não passam por um processo de “interpretação”. O computador apenas faz e não pensa sobre o que está fazendo.
A linguagem aprendida para a programação serve para a escrita de algoritmos, instruções para o computador. Essas instruções se parecem com uma receita de bolo. Lá devem estar todos os detalhes para que alguém possa executar, no caso de um programa quem vai executar é o computador.
Talvez uma das coisas mais difíceis para um leigo entender, quando se fala em programar um computador, é que não se pode dizer para ele: “três ovos médios”, ou “sal a gosto”; não há interpretação. Um computador exige uma “disciplina” que estressa o uso da lógica matemática. As sentenças devem ter solidez sintática, semântica e não podem ser ambíguas. Mas isso os jovens iniciantes logo aprendem. Deve-se dizer 300 gramas de ovos e 5 gramas de sal. Não se tem ambiguidades.
Um programa nada mais é do que uma combinação enorme destas três estruturas básicas. As ações são expressas numa linguagem que se aprende. E no dia a dia estruturamos nossas atividades encadeando, selecionando e repetindo.
Encadear: colocar ações em uma sequência lógica.
Selecionar: fazer ou não determinadas ações dependendo de uma condição.
Repetir: repetir ações enquanto uma condição não for atingida.
Lavar as mãos é uma ação que deve ser repetida até que uma condição seja atingida – mãos limpas.
Um programa nada mais é do que uma combinação enorme destas três estruturas básicas. As ações são expressas numa linguagem que se aprende.
A forma como a tecnologia “atua” em nossas vidas atualmente, sem qualquer juízo de valor, faz com que possamos pegar “informação”, bocados de conhecimento, rapidamente, sem que necessariamente se saiba mais sobre uma área, um domínio, seja ele qual for.
Conhecimentos gerais são importantes e há pessoas que desenvolvem essa habilidade e são úteis profissionalmente, mas há uma grande infinidade de profissões que exigem conhecimentos aprofundados, especializados e para se obter esses conhecimentos há que se dedicar tempo e atenção.
Embora o aprendizado de qualquer habilidade se dê em bocados, deve-se ter muitos bocados daquela mesma atividade para que se atinja um todo integrado e consistente. Esse processo, que requer tempo e atenção no início, ação consciente, ao final será desempenhado com fluência, sem que se tenha que pensar no processo em si. Em outras palavras, deve-se passar pelas dificuldades conscientemente, encontrar as soluções, para que ao final se possa fazê-las inconscientemente, sem que se necessite pensar no processo em si.
Claparède formulou a lei da percepção, através de experimentos. “A percepção da diferença precede a percepção da semelhança.” (2) Sua experiência com crianças mostrou que elas reagem com naturalidade diante de objetos semelhantes e não precisam se conscientizar de suas ações; em contrapartida as dessemelhanças criam um estado de inadaptação que conduz a percepção.
Jovens tem de ter em mente que aprender a programar não é uma habilidade que se possa adquirir da noite para o dia. Eles devem se colocar diante desse desafio, diante de algo que nunca fizeram. Requer esforço, atenção e dedicação. Acontecerá aos bocados, mas acontecerá. Mas ao final desempenharão com fluência e sem pensar nesse problema específico e sim no problema que terão que resolver utilizando essa habilidade.
Quando fiz meu primeiro curso de programação com 17 anos eu achei que jamais conseguiria dominar aquele deus que era o computador, e me considerava um burro vagaroso, mas ao final domei a fera e me transformei num hábil sacerdote.
Um provérbio árabe diz o seguinte:
“Aquele que não sabe, e não sabe que não sabe. É um tolo: evite-o;
aquele que não sabe, e sabe que não sabe. É um simples: ensine-o;
aquele que sabe, e não sabe que sabe. Está dormindo: acorde-o;
aquele que sabe, e sabe que sabe. É um sábio: respeite-o." (3)
Quantos jovens tem talentos adormecidos e precisam ser despertados. Como professor de programação via isso sempre. Algumas pessoas nem sabiam que seriam tão boas na arte de programar. De repente se descobriam como ótimos programadores. Como já afirmei, a criatividade humana, bem como a capacidade de aprendizado, não escolhe raça, credo, sexo e tampouco classe social.
O que se precisa nessa vida é ser simples e procurar o conhecimento. Se não existir a tentativa de aprendizado, de uma determinada atividade, como saberemos se não podemos aprendê-la? E para aprender já existe um aprendizado prévio. Todos têm a capacidade de aprender.
Steve Jobs afirma que em programação de computadores há muitos níveis entre um bom programador e um excelente. Que em algumas profissões isso não acontece. (4)
Se alguém tem talento para uma determinada área e gosta, com certeza seu desempenho será muito superior em comparação com aqueles que têm talento, mas não gostam, ou os que gostam, mas não tem talento. Mas isso só se sabe experimentando, tentando.
Jovens deveriam se matricular para a próxima edição do curso Jovem Programador. Há vagas para centenas de jovens de diversos municípios do Estado de Santa Catarina.
Descubra-se um programador de computador e ingresse em uma das profissões mais promissoras e que deverá permanecer por muitos anos, enquanto outras certamente irão sumir. É tempo de despertar.
Jovens, vejam o vídeo de outros jovens que já passaram pelo programa e estão empregados aqui.
(1) Minha atividade principal por 15 anos foi a de programador, e ainda desenvolvo alguns algoritmos. Adoro programar computadores.
(2) VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e Linguagem; tradução: Jefferson Luiz Camargo; revisão técnica: José Cipolla Neto. 2 ed. São Paulo : Martins Fontes, 1998, p. 110.
(3) PENSADOR. Sabedoria árabe. Disponível em: . Acesso em: ago. 2022.
(4) KAHNEY, Leander. A cabeça de Steve Jobs; tradução: Maria Helena Lyra, Carlos Irineu da Costa. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2009, p. 104.
(5) LAIDENS, Rúbia. Programa quer capacitar programadores de sistemas em 19 cidades de SC. Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/10490368/. Acesso em: jul. 2022.
Foto: iStock
Publicado em: 13/09/2022 09:48:12
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